Tuesday, April 22, 2008

Uma pequena viagem



Não consigo dormir. Ao contrário do meu corpo que pesadamente dorme sobre a cama, a minha alma não tem sono.
Deixo o meu corpo descansar no silencio e deito-me sobre a minha própria pele.
Observo o céu através da janela rectangular do meu quarto que foi deixada com a persiana aberta esquecidamente. Imagino que irei acordar de manha cedo com as primeiras pontadas da claridade da manha, sei bem o quanto o detesto.
Vejo algumas estrelas por entre as nuvens que se vão movendo lentamente, como que um exercito marchando para se reagrupar e atacar novamente.
Elevo-me um pouco para espreitar as ruas da cidade. Vejo as pessoas a deambular pelos passeios, embriagadas com os sons frenéticos e sabores da noite. Não estou com disposição para tanto barulho e agitação, preciso de um lugar calmo. À velocidade da luz e em fracções de segundo viajo até junto da calma de um lago.

Deito-me sobre a relva que provavelmente estará fresca, apesar de não a sentir a tocar-me na alma.
Aqui a calma é a regra, apenas esquecida por momentos quando uma rã coaxa e de seguida mergulha na agua negra, com o susto dos juncos que se inclinam e se tocam uns aos outros com uma leve brisa que por eles passa.
A lua cheia reflecte-se na água escura criando a ilusão de um espelho, sem as luzes da cidade nasceram de repente milhões de estrelas no céu.

Lembro-me agora de fazer uma visita a uma alma que se encontra irrequieta, mas não, prefiro não o fazer pois tanto ela como o seu corpo precisam de descanso. Subitamente floresce o desejo de ir ter com a alma que me enternece, mas só de me lembrar das sensações que ela me provoca apenas por a recordar, faço um esforço por me manter aqui, sabendo que se for provavelmente o meu corpo e alma ficaram também irrequietos. Já basta o tempo perdido que ela me rouba.
Deixo-me ficar aqui apesar da dificuldade. Mas fico, fico a apreciar esta bela vista, quem sabe um dia terei aqui uma casa junto a este lago, seria quase perfeito.
Penso agora na minha vida, nas decisões que terei de fazer num futuro próximo, no que elas podem me influenciar para o resto dos meus dias. Penso nos prós e contras, e não chego a lugar algum, apesar disso fico alegre sabendo que não as terei de fazer hoje.

Está tarde, não dei pelas horas passarem, devo ir descansar também. Regresso agora para me juntar ao calor do meu corpo sabendo que amanha me espera um dia atarefado.
(By/Por: niu)