Wednesday, April 2, 2008

Mais uma partida



Sonhei contigo e para dizer a verdade não o queria ou pelo menos não me lembrar, pois os meus sonhos são cruéis, apenas me dão aquilo que não posso ter, é certo que mo dão, mas quando se volta à realidade sente-se muito mais falta do que realmente queremos.

Do pouco que me lembro é que estava à tua espera encostado a um carro pintado de um azul desbotado, depois de ter passado os seus dias e noites ao sabor das intemperes. Assim que te vejo a imergir de um qualquer prédio, apresso-me a chegar ao teu encontro. Era de tarde e embora o sol não espreita-se quando te vi era como ele estivesse a iluminar o meu dia. Vinhas com um pequeno sorriso como que a pedir ajuda com as malas, notei que os teus pés estavam mais pesados que o normal ao sentir o som que eles faziam ao caminhares sobre um manto em forma de S alimentado por um tapete de gravilha. Sem perder tempo ajudo-te a pegar nelas depois de ter dar um beijo na tua face suave, dando a entender que neste dia não éramos só amigos mas mais que isso, e o quanto suave ela estava nesse dia. E lá ajudei-te a arrumar as malas para a bagageira.
Precipitamo-nos para o banco traseiro com mais duas malas incapazes de conviver com as outras. Sentamo-nos esperando a tua senhoria que nos ia levar.

Estavas sentada do lado direito junto à porta, eu encostado a ti com a companhia das malas do meu lado esquerdo.
Mete-mos o rádio a tocar, encostando a cabeça no teu ombro ficamos ali a ouvir enquanto esperamos. Está a passar uma musica que tu gostas, vejo isso pela maneira como sorris e olhas em frente para o vazio, estás a pensar no que ela te faz lembrar. Agora começas a cantar baixinho, olhas para mim e voltas a sorrir como a dizer que também estás feliz, que momento delicioso este. Sorris, cantas e encostado a ti damos as mãos. Neste momento sei que não posso pedir mais, tenho tudo o que se pode desejar.

De súbito há um flash e sei que saltámos uma série de acontecimentos pois estás a subir para o autocarro, agora o sol brilha à medida que sobes os degraus ele reflecte-se em ti para dar um belo espectro do teu ser nos meus olhos. Sigo-te pensando que vou contigo, mas não, ao tentar subir tu voltas-te para mim, esticas o teu braço e encostas a mão ao meu peito forçando-me a parar. Tomo noção que não vou contigo, agora ambos os nossos sorrisos começam a desvanecer-se ficando mais tristes, seguro a tua mão macia junto ao meu peito e aperto-a com a minha. Não dizemos nada sabendo que é uma despedida, e lentamente vais-te afastando, ainda segurando a tua mão sei que eventualmente elas se vão soltar. Deslizo os meus dedos pela palma da tua mão sentindo o quente que se vai diluindo no ar, à medida que atinjo a fronteira dos teus dedos solto uma lágrima de saudade.
Acordo e a lágrima continua cá, limpo-a pois só ela passou de sonho a realidade.

Fico agora a pensar depois do sonho ter acabado se será que desta vez te vais embora mais uma vez, mas desta apenas do meu coração? Não o sei, mas o que tenho a certeza é que ainda estas presente em mim.
São estes belos e pequenos momentos que me fazem feliz.
Não preciso de mais se tudo isto fosse realidade, mas não o é.
(By/Por: niu)