Primavera de Esperança
Acabei de sair agora do café, está um dia de primavera, daqueles em que sabe bem andar pela rua ou então aterrar numa esplanada a sentir os raios de sol a penetrar na nossa fina camada de pele, em vez disso arrasto os pés pela calçada com a esperança de nunca mais chegar a casa.
Atravesso pelo jardim que sempre foi maltratado toda a sua vida. Tudo em mim pesa, não faço ideia porque será, faço um esforço por me manter em pé mas a cada passo que dou as pernas transformam-se em canas de bambu com a sobrecarga, os metros finais até à entrada parecem exageradamente distantes como quando se avista um oásis mas nunca mais lá chegamos. O meu centro de gravidade começa a descer e caio derrotado pela relva jovem e ainda verde, pois daqui a uns meses quando vier o verão vai ficar sem vida e seca, para renascer mais uma vez no outono.
Deixo-me ficar por ali com o sentimento de impotência a pregar-me ao chão. Não sei o que me deu hoje, tenho imensas coisa para fazer mas na realidade não tenho vontade de fazer nenhuma, talvez seja esta a forma de ver quais as coisas que são realmente importantes na vida e deixo-me por aqui agarrado a este fio de esperança em que me vejas aqui me dês a tua mão com os teus dedos finos que adorava acariciar, ajudes a levantar e vamos para casa os dois.
Bem o sei que já por aqui não vives, mas sempre por aqui vais habitar, o que é estranho se queres que te diga, para mim esta ainda é a tua casa, não sei bem o que pensar quando vejo outras pessoas a sair de onde supostamente deverias ser tu a sair, quando a porta range com todos os seus dentes, não és tu que está por trás dela.
E já sinto saudades de passar horas encostados à parede do corredor a conversar sobre algo. Realmente é estranho, com certeza também sentes que ainda é a tua casa, o teu espaço.
Olho o céu azul, ouço as vozes das pessoas que sussurram umas às outras o que se passa para estar ali, como se estivessem a olhar para um sem abrigo vão passando e comentando "tão jovem e já desistiu da vida" ou "deve estar doidinho", nem elas imaginam o quanto perto da verdade estão, estou doidinho sim, mas é por ti, pela luz da lua que ilumina a noite.
As nuvens vão-se movendo vagarosamente sem pressa de chegar a lado algum, hoje não se assemelham a nenhuma forma que tantas vezes imaginamos, são apenas fumo branco translucido a escorrer pelo céu azul.
Ao longe passa um avião, deixa o seu rasto e à medida que o tempo passa vai desaparecendo, não evito pensar se me irá acontecer o mesmo, passado uns tempos me irei esquecer do pouco que passamos juntos, do que falamos, do que olhámos, do que partilhámos.
Chego agora à conclusão que passam 8 dias desde que eu te vi mesmo aqui ao pé deste pedaço de relva, quando nos despedimos com aquelas frases feitas de sempre mas providas do seu significado, soube o que ia acontecer, por isso não olhei para trás ao ires, para ficar com a esperança que voltasses e me agarrasses no braço e dissesses tudo o que queria ouvir.
E apenas 8 dias depois caio por terra e dou conta realmente do que aconteceu. Não vais voltar, não te vou ter, não vai ser como queria que tivesse sido.
Mas sinto e isso chega-me, iludo-me com a esperança que voltes, que te tenha e tudo seja aquilo que sempre desejamos ter.
Por fim levanto-me dirigo-me a casa, insiro a chave na fechadura teimosa que precisa sempre de uma caricia para nos dar passagem. Entro no elevador não há cheiro algum o que até tu deves estranhar e carrego no mesmo botão de sempre o 3. Sempre me disseram que o 3 é o número que Deus fez, à terceira é de vez e por aí adiante, o que ainda por mim não foi comprovado.
Subo os últimos degraus até casa e aqui o passos tornam-se cada vez mais pequenos à medida que chego à porta de casa, olho para o chão com a ilusão de que te ouça a dizer olá uma ultima vez, faço tempo para o ouvir, mas nada.
Não se ouve nada apenas a tua voz na minha imaginação, meto a segunda chave à porta e olho uma ultima vez lá para o fundo do corredor à espera que apareças à porta e me deixes abrir o teu coração com a ultima chave que trago.
Em segundos todos os sonhos e esperanças se desvanecem quando abro a porta de minha casa e desapareço por ela adentro.
(by niu)
Atravesso pelo jardim que sempre foi maltratado toda a sua vida. Tudo em mim pesa, não faço ideia porque será, faço um esforço por me manter em pé mas a cada passo que dou as pernas transformam-se em canas de bambu com a sobrecarga, os metros finais até à entrada parecem exageradamente distantes como quando se avista um oásis mas nunca mais lá chegamos. O meu centro de gravidade começa a descer e caio derrotado pela relva jovem e ainda verde, pois daqui a uns meses quando vier o verão vai ficar sem vida e seca, para renascer mais uma vez no outono.
Deixo-me ficar por ali com o sentimento de impotência a pregar-me ao chão. Não sei o que me deu hoje, tenho imensas coisa para fazer mas na realidade não tenho vontade de fazer nenhuma, talvez seja esta a forma de ver quais as coisas que são realmente importantes na vida e deixo-me por aqui agarrado a este fio de esperança em que me vejas aqui me dês a tua mão com os teus dedos finos que adorava acariciar, ajudes a levantar e vamos para casa os dois.
Bem o sei que já por aqui não vives, mas sempre por aqui vais habitar, o que é estranho se queres que te diga, para mim esta ainda é a tua casa, não sei bem o que pensar quando vejo outras pessoas a sair de onde supostamente deverias ser tu a sair, quando a porta range com todos os seus dentes, não és tu que está por trás dela.
E já sinto saudades de passar horas encostados à parede do corredor a conversar sobre algo. Realmente é estranho, com certeza também sentes que ainda é a tua casa, o teu espaço.
Olho o céu azul, ouço as vozes das pessoas que sussurram umas às outras o que se passa para estar ali, como se estivessem a olhar para um sem abrigo vão passando e comentando "tão jovem e já desistiu da vida" ou "deve estar doidinho", nem elas imaginam o quanto perto da verdade estão, estou doidinho sim, mas é por ti, pela luz da lua que ilumina a noite.
As nuvens vão-se movendo vagarosamente sem pressa de chegar a lado algum, hoje não se assemelham a nenhuma forma que tantas vezes imaginamos, são apenas fumo branco translucido a escorrer pelo céu azul.
Ao longe passa um avião, deixa o seu rasto e à medida que o tempo passa vai desaparecendo, não evito pensar se me irá acontecer o mesmo, passado uns tempos me irei esquecer do pouco que passamos juntos, do que falamos, do que olhámos, do que partilhámos.
Chego agora à conclusão que passam 8 dias desde que eu te vi mesmo aqui ao pé deste pedaço de relva, quando nos despedimos com aquelas frases feitas de sempre mas providas do seu significado, soube o que ia acontecer, por isso não olhei para trás ao ires, para ficar com a esperança que voltasses e me agarrasses no braço e dissesses tudo o que queria ouvir.
E apenas 8 dias depois caio por terra e dou conta realmente do que aconteceu. Não vais voltar, não te vou ter, não vai ser como queria que tivesse sido.
Mas sinto e isso chega-me, iludo-me com a esperança que voltes, que te tenha e tudo seja aquilo que sempre desejamos ter.
Por fim levanto-me dirigo-me a casa, insiro a chave na fechadura teimosa que precisa sempre de uma caricia para nos dar passagem. Entro no elevador não há cheiro algum o que até tu deves estranhar e carrego no mesmo botão de sempre o 3. Sempre me disseram que o 3 é o número que Deus fez, à terceira é de vez e por aí adiante, o que ainda por mim não foi comprovado.
Subo os últimos degraus até casa e aqui o passos tornam-se cada vez mais pequenos à medida que chego à porta de casa, olho para o chão com a ilusão de que te ouça a dizer olá uma ultima vez, faço tempo para o ouvir, mas nada.
Não se ouve nada apenas a tua voz na minha imaginação, meto a segunda chave à porta e olho uma ultima vez lá para o fundo do corredor à espera que apareças à porta e me deixes abrir o teu coração com a ultima chave que trago.
Em segundos todos os sonhos e esperanças se desvanecem quando abro a porta de minha casa e desapareço por ela adentro.
(by niu)