Esta metade da laranja
Tinha tanta coisa para dizer, disse algumas, as que não disse digo agora, possivelmente incompreensíveis de se compreenderem, por isso se houver algo incompreensível, é mesmo para o ser, pois provavelmente nem eu as compreendo.
Apenas o que te posso dar são meras palavras, provavelmente para ti sem significado. E se o que escrevo significa-se alguma coisa, continuava a escrever como te escrevi a primeira vez em Dezembro, e de todas as seguintes vezes. Não o nego, irei continuar a fazê-lo enquanto tiver esta necessidade incompreensível, com a esperança que as palavras te tragam.
E pela primeira vez sinto um formigueiro no nariz, os olhos ficam turvos sempre que me lembro de ti. E não me perguntes porquê, porque tu sabes. Porque o que sinto não desaparece de hoje para amanhã (tomara que isso acontecesse), mas não acontece.
Murmurei que não sabia de onde isto tinha vindo e que não sabia para onde ia, mas sei, e não há volta a dar, esta estrada é de sentido único, e por ela sigo a ver se me leva a algum destino.
Relembrei-me hoje de quando era miúdo que andava sempre atrás da minha madrinha quando lhe queria pedir algo. Hoje foi diferente, hoje só te queria oferecer sem pedir algo em troca e por te ter chateado como quando era miúdo peço-te desculpa.
Tu pensas com a cabeça e eu com o coração e é por isso que não acreditei no que disses-te, recuso a que se resuma a apenas isto, será? Estarei mesmo a fantasiar, no fundo no fundo senti a negares-te a ti, a cortar pela raiz, não fui só eu que pensei nisto, fui? No fundo no fundo não há mesmo nada?
E não é tarde nem é cedo, viro as costas e vejo a cama ali à espera, naquele canto a dizer que estará sempre ali para mim, fiel, que me aconchega quando preciso, mas surda e muda com o meu próprio aroma, nada que me faça lembrar aquele teu suave e doce perfume, assim como tu.
Não vou fechar a porta, ela vai continuar por aqui aberta à tua espera enquanto isto durar. Talvez amanhã tudo vá parecer diferente, apenas sei que amanhã se vai manter este fulgor, e apesar do frio de inverno que se faz sentir la fora, tenho o calor de verão vestido em mim. O meu coração lateja e move-se freneticamente em todas as direcções tentando fugir de mim.
Fazes-me lembrar um comboio que chega à hora anunciada e parte à hora marcada, não espera por ninguém, apenas segue para o próximo destino. Cheguei quando já estava a partir, corri mas apenas o vislumbrei um pouco. E prometo que todos os dias esperarei à hora marcada que este bilhete não tem devolução. Que volte de portas abertas e juntos viajaremos no caminho da vida.
A metade de laranja que possuo tem defeitos, eu sei, só basta dizeres que arranco a casca tiro todas as sementes e apenas te deixo o que é doce, suave e refrescante. Não é isso que queres?
Nos últimos instantes disse: "Se mudares de ideias, eu não irei a lado nenhum." E verdade seja dita, aqui vou continuar a estar.
(by niu)
Apenas o que te posso dar são meras palavras, provavelmente para ti sem significado. E se o que escrevo significa-se alguma coisa, continuava a escrever como te escrevi a primeira vez em Dezembro, e de todas as seguintes vezes. Não o nego, irei continuar a fazê-lo enquanto tiver esta necessidade incompreensível, com a esperança que as palavras te tragam.
E pela primeira vez sinto um formigueiro no nariz, os olhos ficam turvos sempre que me lembro de ti. E não me perguntes porquê, porque tu sabes. Porque o que sinto não desaparece de hoje para amanhã (tomara que isso acontecesse), mas não acontece.
Murmurei que não sabia de onde isto tinha vindo e que não sabia para onde ia, mas sei, e não há volta a dar, esta estrada é de sentido único, e por ela sigo a ver se me leva a algum destino.
Relembrei-me hoje de quando era miúdo que andava sempre atrás da minha madrinha quando lhe queria pedir algo. Hoje foi diferente, hoje só te queria oferecer sem pedir algo em troca e por te ter chateado como quando era miúdo peço-te desculpa.
Tu pensas com a cabeça e eu com o coração e é por isso que não acreditei no que disses-te, recuso a que se resuma a apenas isto, será? Estarei mesmo a fantasiar, no fundo no fundo senti a negares-te a ti, a cortar pela raiz, não fui só eu que pensei nisto, fui? No fundo no fundo não há mesmo nada?
E não é tarde nem é cedo, viro as costas e vejo a cama ali à espera, naquele canto a dizer que estará sempre ali para mim, fiel, que me aconchega quando preciso, mas surda e muda com o meu próprio aroma, nada que me faça lembrar aquele teu suave e doce perfume, assim como tu.
Não vou fechar a porta, ela vai continuar por aqui aberta à tua espera enquanto isto durar. Talvez amanhã tudo vá parecer diferente, apenas sei que amanhã se vai manter este fulgor, e apesar do frio de inverno que se faz sentir la fora, tenho o calor de verão vestido em mim. O meu coração lateja e move-se freneticamente em todas as direcções tentando fugir de mim.
Fazes-me lembrar um comboio que chega à hora anunciada e parte à hora marcada, não espera por ninguém, apenas segue para o próximo destino. Cheguei quando já estava a partir, corri mas apenas o vislumbrei um pouco. E prometo que todos os dias esperarei à hora marcada que este bilhete não tem devolução. Que volte de portas abertas e juntos viajaremos no caminho da vida.
A metade de laranja que possuo tem defeitos, eu sei, só basta dizeres que arranco a casca tiro todas as sementes e apenas te deixo o que é doce, suave e refrescante. Não é isso que queres?
Nos últimos instantes disse: "Se mudares de ideias, eu não irei a lado nenhum." E verdade seja dita, aqui vou continuar a estar.
(by niu)